Monday, January 21, 2013

Falando em Formula Libre


Fui cair na besteira de falar em Formula Libre, e agora, meia-noite, eu super cansado de um longo e árduo dia de trabalho, me vejo inclinado a discorrer sobre aquela que, pretendia-se, seria a maior corrida de Formula Libre de todos os tempos.
Que por sinal, foi ganha por um brasileiro.
Em 1972 a guerra dos cigarros na Formula 1 esquentava. A Malrboro patrocinava a armada da BRM e diversos pilotos avulsos, e a John Player Special liderava o campeonato. A Rothmans, para não ficar de fora, patrocinou algumas corridas, inclusive aquela que seria a Indy 500, as 24 Horas de Le Mans, o GP de Monaco da Formula Libre - a rocambolesca Rothmans 50.000.
Os organizadores estavam tão animados que realmente acharam que haveria gente que construiria carros especiais para a corrida. Doce ilusão. Quem sabe alguns carros de Formula Indy viriam, carros de Can-Am, o céu era o limite, o Green Monster, o Chitty-Chitty Bang Bang.
A corrida seria realizada em 28 de agosto, em Brands Hatch, e infelizmente, apesar do bom prêmio, não atraiu muita coisa interessante. De fato, treinaram 58 carros (72 inscritos), entre carros de Formula 1, Formula 2, Formula 5000, Formula Atlantic e Protótipos. A corrida seria longa, de 500 km, mas de F-1 mesmo, foram inscritos poucos carros - Emerson com a Lotus, Beltoise e Ganley com BRM, Brian Redman com McLaren, Henri Pescarolo e David Purley com Marches. Três carros de F-1 não se classificaram entre os 30 que largariam, o Connew de François Migault, o Surtees TS8 de Herve Bayard e um BRM P133 velho de Robs Lamplough. Somente um carro esporte se classificou, a Lola 3 litros de Casoni. Entre os protótipos que não se classificaram estava o Porsche 908 de Tony Dean, Chevrons de Bob Wollek e John Burton, Lola de Guy Edwards, sem contar a Lola do português Carlos Gaspar, que nunca chegou ao autódromo. Os carros mais potentes inscritos não vieram - dois McLaren-Chevy 7 litros de Ian Richardson e John Jordan, e um Porsche 917 de Chris Craft.
Acabou sendo uma corrida quase exclusivamente de monopostos, com diversos Formula 2 inscritos, inclusive carros para três futuros campeôes, Scheckter, Jones e Hunt, além de Reutemann, Schenken, Watson e Birrel. Na Formula 5000, estavam inscritos McRae e Van Lennep, além de Cannon, Holland, Spice, Rollison e mais outros.
Nos treinos deu Emerson na cabeça, seguido de Redman, Beltoise, Ganley, Pescarolo e o mais rápido F-2, de Birrel, seguido do mais rápido F-5000, McRae.
A Rothmans foi a mais longa corrida com carros de F-1 do ano, que exigiu reabastecimento. Emerson Fittipaldi foi o grande vencedor, em 2h50m49.1s, e mais uma vez quebrou o recorde de Brands Hatch. Emerson liderou com facilidade, sem nunca ser ameaçado, e foi seguido de Redman, Pescarolo, Birrel, Hunt e Watson. O primeiro F-5000, de Rollinson, chegou em sétimo, e Casoni e sua Lola terminaram em 12o.
Foi também realizada uma corrida de consolação para os pilotos que não se classificaram para a largada, a Rothmans 100k, ganha por David Morgan, seguido de Ian Ashley, Tony Dean, Tony Lanfranchi e Clive Santo.
Dois outros brasileiros foram "pré-inscritos" na corrida. Ou seja, demonstraram intenção de se inscrever, mas não chegaram a pagar a taxa de inscrição. Um deles foi José Carlos Pace, companheiro de Pescarolo, no seu March 711-Cosworth de F1. E o outro...Antonio Carlos Avallone. Sim, ele de novo, com um carro descrito como "Lola Especial-Chevrolet" com motor de 8 Litros!!!
A experiência nunca mais foi repetida, e a primeira edição da Rothmans 50.000 foi a última. Nunca mais foi proposta uma prova de Formula Libre desta envergadura.
Curiosamente, houve quatro corridas com F-1 em Brands Hatch naquele ano, e Emerson ganhou três delas! Isto deve ser algum tipo de recorde. Também curioso é que justo a corrida em sua homenagem, a Corrida da Vitória, foi a única prova de F-1 em Brands daquele ano que não foi ganha for Fittipaldi.

No comments:

Post a Comment