Em uma recente e rápida passagem pela cidade de São Paulo, minha esposa e eu passeávamos faceiramente na Rua Augusta, e ela, por incrível que pareça, viu algo que gostou na Lojas Marisa, uma cadeia que sempre detestou. Entramos na loja e ela resolveu comprar o artigo.
Fomos pagar, e aí a gentil caixa nos ofereceu o cartão da loja, com 10% de desconto. Disse que não, ela simpaticamente insistiu, e embora já tivesse tido problemas com um cartão de loja nos EUA, aceitei. Duas outras mocinhas, uma simpática, e a outra não tanto, nos atenderam num outro setor, o do crédito. Ficaram muito tempo conosco, parecia que eu estava comprando uma casa. Garantiram que tudo sairia "nos conformes".
Como não moro no Brasil, a conta iria para a casa da minha sogra. Esta nunca chegou. Por sorte, minha esposa teve que passar por SP novamente, um mês depois, por questões de doença na família, e resolveu ir na loja e pagar a conta que não chegava. Lá descobriu que apesar da demora para finalizar o cadastro, a "especialista em crédito" tinha anotado um endereço inexistente!!! Esta foi, obviamente, a razão de não receber a fatura.
Pois bem. Fatura paga, recibo na mão, papo encerrado. Adeus, Lojas Marisa.
E as Lojas Marisa continuam a ligar para a casa da minha sogra. Resolvi entrar no site, e enviei um email explicando toda situação. Nunca recebi resposta. Julguei o caso por encerrado.
E as Lojas Marisa continuam a ligar para a casa da minha sogra, ameaçando colocar meu nome no Serasa. Fizemos uma ligação, e uma gentil atendente ouviu o que tinha dizer. Ouviu, porém, acho que não compreendeu, ou fingiu que não entendeu. Disse que por ter sido paga com atraso, encargos no valor de 26,65 reais incidiam na fatura anterior, que fora paga. Ou seja, lá se foi pela janela o propalado desconto. Expliquei-lhe, mais uma vez, que quem tinha anotado o endereço errado fora a representante das Lojas Marisa.
Como uma autômata, continuou a falar enquanto eu falava. Disse que a culpa não era dela, etc e tal. Ora, sabia que a culpa não era dela, porém, se ela estava ali para me atender, resolver o problema, que me atendesse.
Daí a burra (só posso me referir a ela desta forma) me disse que eu poderia pagar no Banco Bradesco. Já tinha dito, mais de uma vez, que morava em Miami, e não ia ao Brasil com frequência. Cada coisa que lhe pedia, a resposta nada tinha a ver com a pergunta, parecia um papo de bêbados. Só ficou claro que quem estava errado era eu, e as Lojas Marisa, certa, apesar de todas evidências ao contrário. Detalhe, a tal fatura cobrando os encargos, após minha esposa pagar a primeira fatura e corrigir o endereço na loja, nunca fora enviada.
Por fim, já perdendo a paciência, pedi-lhe que me desse informações sobre como pagar pela internet, meu único recurso sem ter que alugar familiares ou amigos para pagar uma merreca de 27 reais. Ela me deixou esperando na linha, para piorar, com uma música horrível, que em vez de me acalmar, me deixou mais nervoso.
Daí voltou á carga. Deu o CNPJ e nome da administradora de cartões, um código. e disse que assim podia pagar na Internet!!!
Desisti com tanta burrice e incompetência. A gentil moçoila (sua grande virtude foi continuar educada, apesar de eu ter semi-rodado a baiana umas duas vezes, para ver se chamava sua atenção) simplesmente se esquecera de dar o número da conta, ou mesmo indicar qual era o banco.
Enfim, nada resolvido.
Na pior da hipóteses, a Lojas Marisa treina muito mal as moças que trabalham tanto nas lojas ou nos SAC. Educadinhas elas são, incompetentes e burras também!! Em boa dose.
Resta saber se não tem rolo por trás. Pois aqui nos EUA aconteceu a mesma coisa com um cartão da GAP.
Será que o ponto da coisa não é justamente anotar um endereço inexistente, para recuperar o desconto e ainda ganhar um troco em cima?
Em suma, Lojas Marisa nunca mais.
Carlos de Paula Greatest Hits
Alguns dos meus melhores textos (sem falsa modéstia), além dos mais populares, embora possa não achá-los grande coisa. Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami
Monday, July 14, 2014
Saturday, June 29, 2013
The N word economic exploitation - and a lot of hypocrisy
Before I start, let me say I am not a Paula Deen fan by a stretch. Don't get me wrong, I do not dislike her, I simply barely knew of her existence. I never watched one of her cooking shows, never bought any cookbook or any product endorsed or sold by her. That said, I have no reason to hold any partiality towards her, and in fact, this post is not directly about her predicament.
I found that there is huge hypocrisy about how this affair is being handled by the media, by folks in general, and mostly by store chains that carry Deen product. I am against racism in all shapes or forms, but the question begs: what is more racist, a person who used a derogatory remark to refer to a individual who practiced a violent crime against her decades ago, or a police officer who constantly addresses African-Americans by a respectful sir and Mr., but profiles against this racial group every day of his professional life.What is more racist, I ask? Enough about that, this is not about cop-racial relations as well.
The reason why the N word bothers so much in this day and age is because it is still so much in vogue in society. I am no insensitive, and I do know the context and how hurtful it is for an African-American to hear this word. In my thinking, though, the word is hurtful whether uttered by a white person or an African-American. And it seems that some African-Americans are at fault in keeping this word in vogue this day and age, and making mounds of money on the trot.
In fact, hundreds, possibly thousands of American records, books and movies have been produced, since the hey days of civil rights in the 60s, that contain the N word in full regalia. In fact, lots of singers, comedians, composers, actors, writers etc, make sure the word remains very much alive, by using it plentifully. In fact, I reckon some artists have made millions on their use of the N word, making it a trademark of their performances. They maintain the N word contextually relevant in society, and their use is just as hurtful, wrong as when uttered by a person from another race.
You see, to me when a famous singer uses the N word in his songs, in the context that he is part of the group that is offended by it, he is nothing more than a huge hypocrite. A hip-hop artist who made millions in record and concert sales is no longer part of the ghetto - he is part of a financial and social elite, and he is very condescending against his public. He really means the N. Yes, artists do feel superior to other folks, even non-famous ones do, can you imagine a guy making eight figures a year?
One could say, "it would not be realistic for the N word to be removed from movies, there is a historical context, it would be censorship, where is the right of expression," blah, blah, blah. First, Hollywood is the first to say - when it is convenient, by the way - that it produces fiction. Movies are not necessarily about reality. Second, it would not be the first time Hollywood portrays non-realism in movies to make a point. The movie industry pushes several pet agendas, such as glorification of certain professions, derogatory portrayal of religion, social issues, sexual orientation, even sexual positions which do not correspond to the general truth at all. The only difference is that in this case, the self-censorship and removal of this word from movies would have a good effect, which is questionable when Hollywood seems to suggest everybody is having anal sex.
It occurs though, the shock value of keeping this word in movies does draw some people to the movies, just like it draws some people to concerts. If you know X, Y and Z will be in a movie or performance, you can be certain the N word will be used a few times, and you can laugh it off, as if it were OK for them to use it. They have "artistic license" to use the N word. I am sorry, but I do not buy this rationale that it is OK for an African American entertainer to use the N word, not so for everyone else. It is wrong and hateful for both.
Shock value is also used by the press, which needs a scandal du jour to draw audiences, and nothing better than place a rich, whitest of persons in the midst of such upheaval!
The one thing that bothers me is the double standard. Big store chains have undone contracts with Deen because of the N debacle, yet, you can find in their offerings, plentiful of CDs and DVDS from artists such as Public Enemy, Chris Rock, Paul Mooney, Eddie Murphy and Tupac Shakur, plus tons of movies with other lesser known artists, where the N word is said repeatedly in the vilest of ways. Thus, it is OK to propagate this hatred in "artistic" form, while making a stand against a woman who admits having used the word once!
Mind you, these store chains, who shall remain nameless, but you know who they are, have been asked in the past to remove such merchandise from their shelves by myriad groups . Yet, it continues to be there.
Thus, if you ask me, this whole Deen affair is one huge piece of hypocrisy.
I found that there is huge hypocrisy about how this affair is being handled by the media, by folks in general, and mostly by store chains that carry Deen product. I am against racism in all shapes or forms, but the question begs: what is more racist, a person who used a derogatory remark to refer to a individual who practiced a violent crime against her decades ago, or a police officer who constantly addresses African-Americans by a respectful sir and Mr., but profiles against this racial group every day of his professional life.What is more racist, I ask? Enough about that, this is not about cop-racial relations as well.
The reason why the N word bothers so much in this day and age is because it is still so much in vogue in society. I am no insensitive, and I do know the context and how hurtful it is for an African-American to hear this word. In my thinking, though, the word is hurtful whether uttered by a white person or an African-American. And it seems that some African-Americans are at fault in keeping this word in vogue this day and age, and making mounds of money on the trot.
In fact, hundreds, possibly thousands of American records, books and movies have been produced, since the hey days of civil rights in the 60s, that contain the N word in full regalia. In fact, lots of singers, comedians, composers, actors, writers etc, make sure the word remains very much alive, by using it plentifully. In fact, I reckon some artists have made millions on their use of the N word, making it a trademark of their performances. They maintain the N word contextually relevant in society, and their use is just as hurtful, wrong as when uttered by a person from another race.
You see, to me when a famous singer uses the N word in his songs, in the context that he is part of the group that is offended by it, he is nothing more than a huge hypocrite. A hip-hop artist who made millions in record and concert sales is no longer part of the ghetto - he is part of a financial and social elite, and he is very condescending against his public. He really means the N. Yes, artists do feel superior to other folks, even non-famous ones do, can you imagine a guy making eight figures a year?
One could say, "it would not be realistic for the N word to be removed from movies, there is a historical context, it would be censorship, where is the right of expression," blah, blah, blah. First, Hollywood is the first to say - when it is convenient, by the way - that it produces fiction. Movies are not necessarily about reality. Second, it would not be the first time Hollywood portrays non-realism in movies to make a point. The movie industry pushes several pet agendas, such as glorification of certain professions, derogatory portrayal of religion, social issues, sexual orientation, even sexual positions which do not correspond to the general truth at all. The only difference is that in this case, the self-censorship and removal of this word from movies would have a good effect, which is questionable when Hollywood seems to suggest everybody is having anal sex.
It occurs though, the shock value of keeping this word in movies does draw some people to the movies, just like it draws some people to concerts. If you know X, Y and Z will be in a movie or performance, you can be certain the N word will be used a few times, and you can laugh it off, as if it were OK for them to use it. They have "artistic license" to use the N word. I am sorry, but I do not buy this rationale that it is OK for an African American entertainer to use the N word, not so for everyone else. It is wrong and hateful for both.
Shock value is also used by the press, which needs a scandal du jour to draw audiences, and nothing better than place a rich, whitest of persons in the midst of such upheaval!
The one thing that bothers me is the double standard. Big store chains have undone contracts with Deen because of the N debacle, yet, you can find in their offerings, plentiful of CDs and DVDS from artists such as Public Enemy, Chris Rock, Paul Mooney, Eddie Murphy and Tupac Shakur, plus tons of movies with other lesser known artists, where the N word is said repeatedly in the vilest of ways. Thus, it is OK to propagate this hatred in "artistic" form, while making a stand against a woman who admits having used the word once!
Mind you, these store chains, who shall remain nameless, but you know who they are, have been asked in the past to remove such merchandise from their shelves by myriad groups . Yet, it continues to be there.
Thus, if you ask me, this whole Deen affair is one huge piece of hypocrisy.
Friday, June 28, 2013
Exchange between a Doctor's Office and a Patient
“Hello, I would like to speak to Mr.
Smith.”
“This is him.”
“Good morning, mr. Smith. I am calling from
Dr. Herz` office. I am calling about the US$15,675.00 balance you have with us.”
“Well, let me explain something to you.
There are two possibilities, that you may get paid, or you may not. If you do
get paid, you might get paid on the short-term, mid-term or long-term. 89% of
the people that pay bills on the long-term especially in my age group, do pay
in installments. Out of these, about 43 % pay 50 % or more of the balance,
which is left hanging. Considering my age group, there is a 32.5 % possibility
that I would die before settling the balance. There are no guarantees. Also
there is a 69.5 % possibility that people on my age group that leave this type
of balance unpaid, actually do not have sufficient assets to settle the bill
after death. Of the 50 % that do pay the balance, 38.2 % actually do it in 2 to
5 years.”
“Mr. Smith, you got me lost, I am asking a
simple question, when you can pay the balance, that is all.”
“Let me finish my reasoning. About 75 % of
the people who live in my area, who are in my age group, actually do have
medical bills in excess of 15,000 dollars, with a standard deviation of 2.5.
This is actually 13.2 % worse than the country’s average.”
“Thanks for enlightening me, Mr. Smith. I
just want to know when Dr. Herz can expect the check, please make my life
easy.”
“That depends, recent studies indicate that
in times of economic upheaval such as this, there is a 32 % less likelihood
that unsecured bills late in excess of 120 days will be paid. And nothing can
be done about that, there is no way to solve this situation.”
“Mr. Smith, I am losing my patience. The
dinero, the moolah, when can Dr. Herz expect the payment for your treatment,
after all, services were perfectly provided, were they not?.”
“Well, dear, what is your name again?”
“Loretta, sir.”
“Loretta, let me read you Dr. Herz
explanation of my disease. I also asked a simple question, what do I have and
how to treat it. He said that are two possibilities, that I have Mensonge
syndrome, or you it may be something else yet unidentified, a very rare disease.
He said that 89% of the people that have Mensonge survive it on the long-term
especially in my age group, but do have a slow decline in quality of life. Out
of these, about 43 % survive beyond 50 % of the normal life expectancy for my
age group. Also considering my age group, studies say there is a 32.5 %
percentage that I would die a sudden death from an unrelated disease, if I do
have Mensonge. There are no guarantees. However there is a 69.5 % possibility
that people in my age group that do have unidentified diseases might actually
die before the disease is identified. Of the 50 % that do survive such
unidentified disease, 38.2 % actually die in 2 to 5 years due to heart
problems. About 75 % of the people who live in my area, who are in my age
group, actually do survive 7.5 years even in perfect health, with a standard
deviation of 2.5. This is actually 13.2 % below the country’s average. That
depends on other circumstances, for recent studies indicate that in times of
economic upheaval such as this, there is a 32 % less likelihood that people
with such unidentified diseases will survive more than 120 days. And nothing
can be done about that, there is no treatment.”
“I don’t understand a thing you said.”
“Guess what, Loretta,
neither do I. So my payment to Dr. Herz will be very similar to his diagnostic
and treatment. Ask him whether he likes some of his own medicine. Have a good
day.”
Tuesday, June 4, 2013
Experian One Dollar Credit Reports are not what they seem
I never had my identity stolen, however, a couple of months back, I suspected something was wrong.
A few years ago, I requested free credit reports (everyone is entitled to one, once a year), writing directly to the top credit reporting agencies, by snail mail. It worked great. Now, you have to go through a website, which confuses users by hinting their identity has been really stolen. Since I have very little time to waste with games, I decided to go directly to one of the providers, and I chose Experian.
The free report I was entitled to quickly became a 1 dollar report. That meant I needed to provide a credit card number to pay the buck. And here a little nagging problem started.
Not only would I be charged US$ 1 for the report, however, by requesting it from Experian, I would agree to try out for a US$17.95 a month credit monitoring service, which I could cancel at any time. If I canceled within 7 days of ordering the trial subscription, I would not be charged anything, not even the first charge.
I ordered my US$1 (free) report on a Wednesday, and found out all was clear with my credit. Then, the next Wednesday I called to cancel the subscription. Funny thing. To sign up, you can do everything on line, within tops five minutes . To cancel, you have to speak to a rep, and stay online for a good 30 minutes. I hate to think that the idea is to have you give up on the cancellation and be stuck with the subscription forever...
Be that as it may, I did call, stayed on the line patiently, and spoke to a nice rep. Although she kept on trying to convince me to keep the service, I denied every time. Then, after five attempts to keep my hard earned dollars, she offered the service for half-price, which I found outrageous. After I gave her a few thoughts on the hard selling tactic (why not offer the service for US$8.00 to begin with?), she confirmed the service would be cancelled, THAT I WOULD NOT GET ANY FURTHER BILLING FROM EXPERIAN, and I got an email confirmation on the trot.
Much to my dismay, I just got my credit card bill, and guess what it contains? A US$17.95 charge from Experian!! Yes, siree!
Needless to say, I was beyond outraged by this point. I explained, over and over again, that I opted out of the service within the prescribed seven days, that I got verbal and written confirmation, yet, the representative insisted I did not comply with that requirement, and that although the subscription would be canceled henceforth, that US$17.95 charge would stand.
After referring to this business deal in not very endearing terms, and making a rhetorical observation concerning the mission of the company, which is to protect us from scams and aspects of this transaction, which looked like a scam to me, I told the representative that I would feel free to share my nasty experience with the entire world, by writing on several dozens of blogs to which I contribute material.
That did the trick, though. She was so adamant that the charge would stand just a few seconds before, however, when I said I would make the matter public, a third party, a supervisor, I guess, entered the picture and allowed the credit!
I can only say this: before you order anything from Experian, think
twice. I have since then read similar stories on the internet, so I can assure
you that this is not an isolated incident. I am ready to do battle next month
again.
Thursday, April 25, 2013
Você sabe quem eram os concorrentes do Bill Gates há trinta anos atrás?
Já conheci muita gente nesse mundo. Conheci um cara que jurava de pé junto que foi ele que deu a primeira "gaita" ao Roberto Carlos, insinunando que o iniciou na música. Também conheci um sujeito que vendia gôndolas para comércio numa loja bastante mequetrefe e desarrumada, que disse ter sido sócio do dono da Barnes & Nobles, que eventualmente se tornou a maior livraria dos Estados Unidos, quem sabe, do mundo.
As estórias são muitas. Se são verdadeiras, não tenho ideia.
Voltando ao Bill Gates, com certeza ninguém lembra dos nomes das empresas, muito menos dos caras, que tentaram entrar no mercado de sistemas operacionais e software no início da era do micro, nos anos 80. De fato, muitos não devem sequer saber o nome do sujeito que realmente inventou o DOS e vendeu o projeto ao Bill Gates. E assim perpetua-se a estória de que Bill Gates inventou o sistema operacional...
Gosto de repetir esta citação, do Machado de Assis. "Ao vencedor as batatas". Fiz uma emenda - "aos perdedores, no máximo as cascas".
Com certeza, os sujeitos que concorreram com Bill no início da indústria da micro-informática, hoje são bem menos ricos do que o Geek-mor da nação, e infinitamente menos conhecidos. Bill e sua cara de bobo tornaram-se a face do novo rico tecnológico, substituindo os velhos austeros barões da indústria. A história, na ótica dessas pessoas, provavelmente está sendo cruel com eles pois "meus produtos eram melhores do que o DOS", "eu realmente inventei algo, não comprei", "me sacanearam" e outras lamúrias mais.
O fato é que a história enaltece os vencedores, e quase se esquece dos perdedores.
Também é certo que os primeiros concorrentes de Bill devem ter investido tudo que tinham, se esforçaram bastante, venderam casa, empenharam herança, deram calotes, ficaram dois anos sem dormir, e não atingiram o danado do sucesso. E hoje seus netos sabem a história de cor e salteado.
É um pouco assim no automobilismo. E paro por aqui.
Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami
Thursday, March 28, 2013
Isonomia e tolerância
A isonomia é o princípio mais básico da tolerância e
diversidade. De fato, sem tal imparcialidade não existe tolerância e o
entusiasmado acolhimento da diversidade não passa de hipocrisia da grossa.
Nas últimas semanas, temos testemunhado milhares de artigos
publicados na mídia brasileira sobre a escolha do Deputado Marco Feliciano para
presidir a Comissão de Direitos Humanos da Casa. Neste artigo, me atenho
meramente à mídia na Internet que é a única mídia brasileira à qual tenho pleno
acesso. Por alto, 7 entre 10 artigos na internet adicionam ao nome do Deputado
Marco Feliciano seu título eclesiástico de Pastor, na forma "pastor
Deputado Marco Feliciano", "Pastor Deputado Marco Feliciano",
"Deputado Marco Feliciano que é pastor", etc. O propósito deste
artigo não é discutir as visões do Deputado, ou se é qualificado para ocupar o
posto. Trata de uma coisa mais séria, a tal da isonomia, que, ironicamente,
também é a base dos direitos humanos e afeta a todos, desde o mais humilde operário
à Presidenta do País.
A imprensa usa boa parte do seu espaço e recursos falando de
políticos, o que é bom. Nos últimos anos, a Câmara de Deputados Federal teve
Deputados com uma vasta gama de ocupações antes (e durante) as suas respectivas
eleições: advogados, industriais, banqueiros, economistas, empresários,
acadêmicos, psicólogos, comerciantes, ativistas, atores, cantores, escritores,
policiais, militares, estilistas, apresentadores de TV, jornalistas,
sindicalistas, esportistas, e até mesmo palhaços e ex-BBBs. Depois do susto da
eleição, como foi o caso do palhaço Tiririca, nunca vi um Deputado ser referido
com indicação da sua profissão fora da política, o mesmo se aplicando a
Senadores, Vereadores, membros do Executivo, etc. Por exemplo, enquanto foi
ministro, nunca via referências ao "cantor Ministro Gilberto Gil", ou
à "sexóloga Ministra Marta Suplicy". Sendo assim, é com certa
apreensão que vejo a imprensa tratar o Deputado Marco Feliciano de forma
diferenciada. Com certeza, não usam seu título fora da política por respeito,
pois na maior parte das vezes a palavra pastor é grafada com letras
minúsculas...
Alguns poderiam dizer, em defesa do comportamento patológico
do "quarto poder" que nesse caso é importante frisar repetidamente a
afiliação religiosa do político. Ora, não vejo o mesmo zelo em relação a
políticos católicos, islâmicos, judeus, kardecistas, umbandistas, budistas,
satanistas, agnósticos e ateus, cujas posições religiosas nunca são levadas em
consideração, seja qual for a pauta política, nos textos que lhes concernem.
Somos ou não um estado laico?
Sendo assim, só podemos considerar que existe uma campanha
voluntária, invisível porém sensível, para atrelar a figura genérica de um
pastor, qualquer pastor, e por conseguinte, dos evangélicos, qualquer
evangélico, às visões do Deputado. Trata-se, na realidade, de uma inquisição,
que visa tornar o termo "evangélico" genericamente pejorativo e
sinônimo de intolerante. Se por um lado o Deputado pode ser acusado de
maniqueísmo, a imprensa, de modo geral, também pode ser taxada de maniqueísmo e
intolerância, ao lembrar, em quase todos os textos sobre Marco Feliciano, que o
Deputado é "pastor" fora das fileiras da política. Todos já sabem
este fato, afinal de contas, e a inclusão da palavra "pastor" não tem
qualquer cunho informativo.
A meu ver pastores não têm que se meter em política. Segundo
o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios, "tudo é lícito, porém nem tudo
convém", e não convém que pastores se imiscuam na política. Sendo assim,
ao se tornar político, um pastor deveria inclusive deixar de usar o título
pastor enquanto estiver ocupando a função política. Ao pastor é dada uma
plataforma, o púlpito, e se escolhe as tribunas reservadas aos próceres da
Nação, na realidade rejeita a plataforma que lhe foi concedida, que trata de
questões sagradas, por outra que trata de questões laicas. Foi Jesus que disse
que não se pode servir a dois mestres ao mesmo tempo, eis aqui um grande
exemplo.
Alguns podem inclusive acusar o deputado de ter-se valido da
sua popularidade nos meios religiosos para ser eleito. Ora, há jornalistas às
pencas ocupando cadeiras legislativas no país afora que também se valeram das
páginas dos seus jornais e revistas, e espaço nas telas, para se eleger. Por
analogia, se é errado que um religioso use a sua popularidade para se eleger, o
mesmo diria de jornalistas. Sem contar ex-BBBs.
Friday, March 1, 2013
A Interminável Colcha de Retalhos
Já me perguntaram diversas vezes por que eu não escrevia um livro sobre automobilismo brasileiro. Alguns perguntam, taxativamente, quando sairá o meu livro, e um fulano mais entusiasmado chegou até a perguntar onde podia adquirir um exemplar do livro que não havia escrito. Não vou ser dissimulado, e dizer que nunca pensei no assunto. Pensei sim.
O primeiro livro de automobilismo brasileiro que adquiri, nos anos 80, foi o 'Mais que Vencedor', do Alex Dias Ribeiro. Era um livro simples, com pouquíssimas fotos, mas com muita informação quente. Naquela época já tinha uma biblioteca considerável de livros de automobilismo ingleses, americanos, italianos e alemães, então as comparações foram inevitáveis.
Com a evolução do setor livreiro no Brasil, além de inovações tecnológicas, surgiu um pequeno nicho no mercado, o livro de automobilismo. Sem dúvida empolgadas com as excelentes vendas de diversos tomos sobre Ayrton Senna, as editoras passaram a entender que haveria pessoas que comprariam livros sobre o assunto automobilismo no Brasil.
Ocorre que a produção do livro de automobilismo no Brasil é uma empreitada cara. Na Internet é fácil fazer um blog ou site, publicar fotos scaneadas e editadas de qualidade questionável, e muitas vezes de origem não identificada. Aquelas que não são manjadas logo se tornam após a publicação, amplamente disseminadas em outros lugares. Que fazer, este é o poder da Internet. Mas os livros de automobilismo no Brasil são caros de produzir justamente pelo farto conteúdo visual inédito exigido pelo mercado.
Tenho alguns livros de automobilismo, acreditem, sem fotos. Só história e resultados. Ou seja, um livro barato de produzir. Suspeito que um livro deste tipo venderia uns cinco exemplares no Brasil inteiro, por que o mercado exige fotos, muitas e boas fotos.
Por outro lado, os livros editados no exterior geralmente contêm nos créditos fotográficos a sincera indicação 'fotos gentilmente cedidas por' fulano, sicrano, beltrano. Acreditem ou não, na maioria dos casos as fotos realmente são cedidas - não vendidas.
Agora, vai tentar obter 'fotos gentilmente cedidas' no Brasil. Todo mundo quer dindim para publicar fotos em livro. Um bom dindim.
Eis a tipica estória do ovo de Colombo. Os livros são caros por que pagar os direitos fotográficos sai caro, ou os direitos são caros por que os livros de automobilismo no Brasil são muito caros e os donos das fotos, frequentemente empresas que visam lucros, não acham justo dá-las de lambuja? Pois a grande maioria de livros do nosso esporte custam de 100 paus para cima. Vamos ser francos - alguns desses livros, pelo baixo número de páginas e as proverbiais fotos manjadas, mal deveriam custar 50. Mas isso é outra história.
Qualquer pessoa com algum conhecimento do setor editorial sabe que para o autor mesmo restam migalhas, salvo se você é um Jorge Amado, Luis Fernando Veríssimo ou Paulo Coelho. O livro pode custar 120, mas o autor mesmo leva royalties que não passam de 10 reais por livro VENDIDO. Quando ganha alguma coisa. A editora e os livreiros ficam com o grosso das vendas, e às vezes, com tudo.
Ou seja, o livro de automobilismo ainda precisa ser patrocinado no Brasil. Admito que não sou muito fã do patrocínio. A razão principal é que você perde muito da sua autonomia como historiador, e passa a ter que favorecer ou suprimir fatos, para deixar o patrocinador feliz. Segundo, o patrocinador acaba ficando (por direito) com grande parte da tiragem dos livros, que são distribuídos gratuitamente para pessoas que nem dão valor ao seu conteúdo e nem lêem os livros. Terminam de enfeite em salas de diretoria de empresários que nunca foram a uma corrida e nem gostam de automobilismo. As pessoas realmente interessadas ficam a ver navios, ou então, são obrigados a gastar pequenas fortunas para adquirir os livros. Resta ao autor o momento de glória do coquetel de lançamento, alguns tapinhas nas costas e muitas críticas quando sai de perto.
No momento em que escrevo este blog, há inúmeros projetos de livros de automobilismo brasileiro em diferentes fases de evolução no Brasil. Em muitos casos, os livros já estão prontos, e houve problemas com o patrocínio. Em outros, os livros estão prontos à espera de patrocinador. E na maioria, só existe o sonho, e livros não acabados, que nunca serão editados.
Como escritor, tenho o sonho de publicar um livro, sim. Afinal de contas, optei por não ter filhos, embora já tenha plantado uma árvore. Editar um livro faz falta na minha 'equação de vida' e já não sou nenhum garoto. Entretanto, salvo se alguma coisa mudar, o meu livro sairá mas será um romance, ou livro de crônicas. Sem fotos, e sem patrocínio.
O blog ou site é um formato mais interessante. Sem muito prestígio, mas por outro lado, sem stress, sem prazos, sem patrocinadores, sem politicagem, sem coquetel de lançamento. Alguns tapinhas virtuais nas costas, e muitas críticas para equilibrar. Se por um lado não me rende convites, por outro não me custa nada manter meus dois sites no ar, pois os anúncios do google pagam os custos com patrocinadores anônimos. Errou, volta no texto e corrige. Quer ampliar, amplia. Quer retirar algo, basta um clique do mouse. É uma interminável colcha de retalhos.
Prefiro assim.
Carlos de Paula é tradutor, escritor, historiador e sonhador.
O primeiro livro de automobilismo brasileiro que adquiri, nos anos 80, foi o 'Mais que Vencedor', do Alex Dias Ribeiro. Era um livro simples, com pouquíssimas fotos, mas com muita informação quente. Naquela época já tinha uma biblioteca considerável de livros de automobilismo ingleses, americanos, italianos e alemães, então as comparações foram inevitáveis.
Com a evolução do setor livreiro no Brasil, além de inovações tecnológicas, surgiu um pequeno nicho no mercado, o livro de automobilismo. Sem dúvida empolgadas com as excelentes vendas de diversos tomos sobre Ayrton Senna, as editoras passaram a entender que haveria pessoas que comprariam livros sobre o assunto automobilismo no Brasil.
Ocorre que a produção do livro de automobilismo no Brasil é uma empreitada cara. Na Internet é fácil fazer um blog ou site, publicar fotos scaneadas e editadas de qualidade questionável, e muitas vezes de origem não identificada. Aquelas que não são manjadas logo se tornam após a publicação, amplamente disseminadas em outros lugares. Que fazer, este é o poder da Internet. Mas os livros de automobilismo no Brasil são caros de produzir justamente pelo farto conteúdo visual inédito exigido pelo mercado.
Tenho alguns livros de automobilismo, acreditem, sem fotos. Só história e resultados. Ou seja, um livro barato de produzir. Suspeito que um livro deste tipo venderia uns cinco exemplares no Brasil inteiro, por que o mercado exige fotos, muitas e boas fotos.
Por outro lado, os livros editados no exterior geralmente contêm nos créditos fotográficos a sincera indicação 'fotos gentilmente cedidas por' fulano, sicrano, beltrano. Acreditem ou não, na maioria dos casos as fotos realmente são cedidas - não vendidas.
Agora, vai tentar obter 'fotos gentilmente cedidas' no Brasil. Todo mundo quer dindim para publicar fotos em livro. Um bom dindim.
Eis a tipica estória do ovo de Colombo. Os livros são caros por que pagar os direitos fotográficos sai caro, ou os direitos são caros por que os livros de automobilismo no Brasil são muito caros e os donos das fotos, frequentemente empresas que visam lucros, não acham justo dá-las de lambuja? Pois a grande maioria de livros do nosso esporte custam de 100 paus para cima. Vamos ser francos - alguns desses livros, pelo baixo número de páginas e as proverbiais fotos manjadas, mal deveriam custar 50. Mas isso é outra história.
Qualquer pessoa com algum conhecimento do setor editorial sabe que para o autor mesmo restam migalhas, salvo se você é um Jorge Amado, Luis Fernando Veríssimo ou Paulo Coelho. O livro pode custar 120, mas o autor mesmo leva royalties que não passam de 10 reais por livro VENDIDO. Quando ganha alguma coisa. A editora e os livreiros ficam com o grosso das vendas, e às vezes, com tudo.
Ou seja, o livro de automobilismo ainda precisa ser patrocinado no Brasil. Admito que não sou muito fã do patrocínio. A razão principal é que você perde muito da sua autonomia como historiador, e passa a ter que favorecer ou suprimir fatos, para deixar o patrocinador feliz. Segundo, o patrocinador acaba ficando (por direito) com grande parte da tiragem dos livros, que são distribuídos gratuitamente para pessoas que nem dão valor ao seu conteúdo e nem lêem os livros. Terminam de enfeite em salas de diretoria de empresários que nunca foram a uma corrida e nem gostam de automobilismo. As pessoas realmente interessadas ficam a ver navios, ou então, são obrigados a gastar pequenas fortunas para adquirir os livros. Resta ao autor o momento de glória do coquetel de lançamento, alguns tapinhas nas costas e muitas críticas quando sai de perto.
No momento em que escrevo este blog, há inúmeros projetos de livros de automobilismo brasileiro em diferentes fases de evolução no Brasil. Em muitos casos, os livros já estão prontos, e houve problemas com o patrocínio. Em outros, os livros estão prontos à espera de patrocinador. E na maioria, só existe o sonho, e livros não acabados, que nunca serão editados.
Como escritor, tenho o sonho de publicar um livro, sim. Afinal de contas, optei por não ter filhos, embora já tenha plantado uma árvore. Editar um livro faz falta na minha 'equação de vida' e já não sou nenhum garoto. Entretanto, salvo se alguma coisa mudar, o meu livro sairá mas será um romance, ou livro de crônicas. Sem fotos, e sem patrocínio.
O blog ou site é um formato mais interessante. Sem muito prestígio, mas por outro lado, sem stress, sem prazos, sem patrocinadores, sem politicagem, sem coquetel de lançamento. Alguns tapinhas virtuais nas costas, e muitas críticas para equilibrar. Se por um lado não me rende convites, por outro não me custa nada manter meus dois sites no ar, pois os anúncios do google pagam os custos com patrocinadores anônimos. Errou, volta no texto e corrige. Quer ampliar, amplia. Quer retirar algo, basta um clique do mouse. É uma interminável colcha de retalhos.
Prefiro assim.
Carlos de Paula é tradutor, escritor, historiador e sonhador.
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